Alguém aqui lembra de quem foi o veterano que encheu a sua cara de tinta e te levou para pedir dinheiro na rua? Eu lembro. Lá se vão mais de oito anos, mas não tem como me esquecer daquele dia em que fui pega no trote e fui pedir dinheiro na Praça Saens Peña com a supervisão do Bê. Porque foi ali que surgiu uma bonita amizade. De muita zoação, comida japonesa, joguinhos pela madrugada até eu "tombar, feito um patrimônio histórico", e até umas bronquinhas quando necessárias.
Mas ao mesmo tempo que a museologia me presenteou com amigos incríveis, ela mandou alguns deles para longe de mim. O Ry foi o primeiro (veja a casa dele
aqui e
aqui). O Bê foi para Brasília pouco tempo depois. E é essa casa brasiliense que está no xeretando casas alheias de hoje.
Quando eu recebi as fotos, fiz umas perguntas, vou manter o máximo possível as palavras do Bê na íntegra.
Manta do sofá: " Foi feita pela minha madrinha, Marcia Lorena, que junto com a minha mãe é dona do Atelier RoLo Arteiras. Minha mãe trabalha mais com bonecas e dá workshops e minha madrinha faz mais trabalhos com patchwork. "
Quem quiser conhecer mais o trabalho delas, é só clicar
aqui.
Mesinha lateral, feita com tronco: "É um banco, na verdade. Eu e Juarez que o fizemos de mesa de canto para por o abajur. Acho que deu um tom rústico. "
Quadro: "É da artista naif Lourdes de Deus. Ela é de Goiânia. A Lourdes, junto com o marido dela Waldomiro de Deus, são dos mais conhecidos artistas naif do Brasil, atualmente. Eles fizeram uma exposição aqui no Museu Nacional dos Correios com a venda dos quadros. E eu comprei esse pela delicadeza das flores. Esse quadro vai mudar de lugar. Ele na verdade tinha acabado de ser comprado quando Juarez tirou a foto. Estamos pensando se botamos acima da cama ou acima do sofá, rs."
Ai gente, me derreti. Para quem não sabe, adoro arte naïf e este foi o tema da minha monografia de graduação.
Puffs: "Os puffs são de uma artista chamada Ana Maria. Ela é daqui de Brasília. São peças únicas que eu ganhei da minha prima Sonia."
Matrioskas: "Um dos países que eu tenho mais adoração de cultura é a Rússia. As matrioskas são bonequinhas que na verdade, além de remeter à cultura russa que me chama atenção, elas são as matriarcas das famílias russas. Essa coisa me faz lembrar de três pessoas extremamente importantes na minha vida e que estão longe: mãe, vó e madrinha, que de certa forma são as matriarcas na minha família ne?!"
Livros e Catálogos: Uma marca sua: Frida Khalo. Tem alguma do Juarez aí?
"O Juarez na verdade não tem uma marca específica. Na verdade eu deixo ele livre para criar as organizações em casa. O que ele curte muiiiiito e que toda vez que tem ele traz algo é o Cirque du Soleil. Então na mesinha tem os catálogos do Varekai e do Corteo. Flores tb. Sempre tem porque ele gosta de ter em casa!"
Cafeteira e bebidas: "Eu ammmmmmoooooooooo café. Essa cafeteira ganhei de casamento da minha mãe. Juarez não gosta não. Então essa parte da cafeteira e das bebidas é território meu. E dentro do armário tem também narguilé. Então é uma coisa meio cult-boêmio."
Cozinha: Porque cozinha também merece amor, né? Nada como panelas divertidas e um divino espírito santo feito pela mãe do Bê com CD velho. Ó o reaproveitamento aqui, gente!
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Fotos: Juarez Galdino. |
Escritório: o Bê não disse no e-mail, mas eu sei que os pinguins são dele! hehe. Me lembro deles, no apê do Rio. Achei a mesa bem organizada e clean, do jeito que eu não consigo manter a minha (que é cheia de tintas, pincéis, lápis, tesoura, estilete e por aí vai...).
Os donos da casa:
Essa foto abaixo é da nossa colação de grau, em 2009. Numa época que já sabíamos que a museologia costuma levar nossos amigos para longe, mas ainda ignorávamos quem iria para onde... e pouco tempo depois, estávamos todos com vida nova, casa nova.
Saudades do Bê. Saudades desse abraço!
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Está vendo o menino de camisa listrada aí atrás? É o Ry, que também se formou com a gente. ;)
Foto: Ana Morena Capute. Edição: Juliana Amado. |
Acho que quem gosta um ambiente mais clean curtiu o xereta de hoje que é bem diferente dos anteriores, né?
O mais importante está aqui e em todos os xeretas: sua casa tem que ter a sua cara, a sua marca. Contar a história dos moradores.
E você? Encontra seus gostos e suas histórias espalhados pela casa?